É público e reconhecido que a Autoeuropa representa o maior investimento estrangeiro na história de Portugal, contribuindo com cerca de 2% do PIB nacional. Atualmente, conta com aproximadamente 4800 trabalhadores e é um exemplo de evolução salarial sustentável. Para 2024, estão previstos aumentos na ordem dos 8%, um mínimo de 110€, superando as propostas anunciadas pelo Governo português para a função pública e ultrapassando as práticas comuns em muitas empresas privadas, incluindo multinacionais.
O método de negociação tem sido frequentemente elogiado, embora por vezes desvalorizado e até mesmo diabolizado, devido ao facto de ser um modelo não previsto na legislação portuguesa. Na verdade, existe uma realidade de reconhecimento da Comissão de Trabalhadores (CT) que estabelece um Caderno Reivindicativo discutido e aprovado em plenário pelos trabalhadores. Uma vez aprovado, é apresentado à administração. Após o término das negociações, é novamente discutido em plenário, seguido por um referendo interno. Quando sufragado, as medidas entram em vigor conforme acordado pelas partes.
Acreditamos que este método participativo envolve os trabalhadores de maneira mais eficaz.
Apesar de reconhecermos a utilidade, necessidade e urgência do trabalho sindical, percebemos que o modelo praticado na MEO está desatualizado e vai contra as melhores práticas democráticas dentro das empresas. O modelo que a maioria desta CT procura é este, com as devidas adaptações. O exemplo da Autoeuropa, embora longe da perfeição, parece estar mais alinhado com as necessidades da MEO.
Ignorar as evidências e a baixa sindicalização na empresa não faz sentido. Infelizmente, exige uma resposta adequada. Os inquéritos regulares que realizamos mostram que os trabalhadores estão cansados deste modelo que os exclui sistematicamente.
No início de 2023, durante as negociações, solicitamos à empresa a permissão para assistir à ronda final, sem sucesso. Para as negociações de 2024, informamos com antecedência que estávamos disponíveis e interessados em participar como observadores, mas fomos impedidos de intervir. Continuaremos a transmitir a todos os que nos ignoram que não vale a pena tentar parar o vento com as mãos, recordando o poeta que insiste em dizer que “o mundo pula e avança”.